quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Opção de Leitura



Em Luzes da África, Haroldo Castro oferece um olhar positivo sobre uma região do planeta que, ainda hoje, é mal conhecida por “falta de profundidade da mídia, interesses políticos dos países mais ricos ou continuidade da mentalidade colonial”.
Descrição
Longe dos clichês da miséria e da guerra, o livro é um fascinante relato de aventuras e apresenta com lucidez e agilidade uma percepção peculiar sobre um continente de surpresas. A expedição levou pai e filho a participarem de rituais sufis no Sudão, a compreenderem as últimas etnias nativas da Etiópia, a testemunharem leoas esquartejando uma presa na Tanzânia e a degustarem cogumelos selvagens em Angola. Como escreve Gilberto Gil no prefácio, a África é “um continente digno e nobre”, “fonte inesgotável de alegria e júbilo”, “que os brasileiros abraçam em sua avivada herança”.


Reggae e Hip Hop

O Reggae e o Hip Hop são culturas predominantemente jovens que surgem na contemporaneidade e se configuram como movimentos sociais, mas podem também estimular apenas a formação de tribos urbanas. Ambos possuem elementos pan-africanistas, visualidades muito características e levam suas mensagens através da arte (música, moda, pintura).


A origem do termo Reggae é incerta, podendo ter surgido da palavra rege, que segundo o dicionário jamaicano significa pessoa maltrapilha, ou discussão, confusão. Já outras fontes afirmam que o termo viria do latim, da palavra regi, que significa “para o rei”. A sonoridade desse estilo musical tem um ritmo marcado e uma batida característica, sendo uma expressão suave e muito dançante. Grande parte do movimento Reggae se baseia em idéias da religião Rastafári. Seus fiéis acreditam em Jeová, nome bíblico para Deus, denominado por eles como Jah, uma contração da palavra original. O movimento surgiu na primeira metade do século XX na Jamaica, proclamando o imperador etíope Hailê Selassiê como o messias, o representante de Deus na Terra, aquele que lideraria o povo negro a uma terra de liberdade e justiça divina.


Já o Hip Hop, se define em 4 elementos principais: a dança, a poesia, a grafitagem e o conhecimento. Nos bairros nova-iorquinos onde nasceu o Hip Hop (Brooklyn, Queens e Bronx) eram precárias as condições de educação, saúde, moradia e empregabilidade, expondo os jovens a uma condição marginal. O break dance surgia como uma tentativa de reverter a violência entre as gangues, assim também a dança propunha uma crítica à guerra do Vietnã, com passos que simulavam soldados feridos e máquinas de guerra. Logo após o estabelecimento das competições de dança entre os B-Boys (Break Boys – dançarinos de break), surgiu também a figura dos DJ’s de cada equipe, incluindo a música nas “batalhas”. Outro elemento fundamental da cultura Hip Hop é a poesia, criada a partir da base sonora do Hip Hop é chamada de Rap (rhythm and poesy). O graffiti consiste em desenhos e pinturas, de diversos estilos, feitos em muros e paredes das cidades, com sprays, rolinhos e pincéis, em geral são representações do cotidiano urbano.

Prancha Reggae e Hip Hop - frente e verso:




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Poema ressaltando a importância da presença dos negros em nosso País

"Grande Deus, Mestre Supremo, autor da criação,
Da – me a Vossa sabedoria, com a força da inspiração,
Para homenagear a Raça Negra, sem nenhuma exageração.
A Raça Negra é a força viva, que mantém a nossa nação
E trabalha pelo Brasil em toda a dimensão.
A Raça Negra mostrou ao mundo, o nosso grande valor,
No samba e no futebol, nós somos superior.
A Raça Negra colabora em todas as atividades
Fazendo o Brasil crescer com muita tenacidade.
A Raça Negra no Carnaval, dá um show de verdade
Mostrando ao mundo nosso bom gosto e a nossa capacidade.
A raça Negra e a Raça Branca, numa miscigenação
Formou a linda multa para a nossa admiração
A Raça Negra é a criadora, da famosa feijoada,
Servida nos Restaurantes quartas feiras e sábado
De uma maneira apreciada.
A Raça Negra é a alavanca que movimenta o progresso
E eleva o Brasil, num grandioso sucesso.
A Raça Negra é forte, seu trabalho é varonil,
Ela faz parte integrante da historia do Brasil.
Por isso a Raça Negra deve ser muito respeitada
Se Não fosse a Raça Negra, o Brasil não seria nada."

Contribuição da cultura africana no Brasil


O português que falamos no Brasil tem muitas palavras de origem africana. Isso acontece porque - principalmente durante o período colonial - os negros foram trazidos da África como escravos, para trabalhar na lavoura.

Os africanos trouxeram consigo sua religião - o candomblé - e sua cultura, que inclui as comidas, a música, o modo de ver a vida e muitos dos seus mitos e lendas. Trouxeram ainda as línguas e dialetos que falavam.

Muitas palavras vêm de diferentes povos do continente, como os jejes e os nagôs (que falavam línguas como o fon e o ioruba).

Saber o encontro do português com línguas, povos e culturas africanas e indígenas é fundamental para a compreensão do chamado português brasileiro. Identificar os traços lingüísticos atribuídos ao contato do português com as línguas africanas que aqui aportaram no período da colonização. As palavras de origem africana que se perpetuaram no território brasileiro constituem uma maneira de conceituar e categorizar a realidade.

· Acarajé: bolinho de feijão frito (feijão fradinho).
· Abará: bolinho de feijão.
· Berimbau: instrumento de percussão com o qual se acompanha a capoeira
· Quiabo: fruto de forma piramidal, verde e peludo.
· Samba: dança cantada de origem africana de compasso binário ( da língua de Luanda, semba = umbigada).
· Zumbi: fantasmas.

Artigo publicado pelo jornal Folha de S.Paulo (26/04): As relações crescentes entre Brasil e África.

O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva disse certa vez que "o Brasil tem uma responsabilidade moral e ética para com o continente africano".
Ele também teve a generosidade de reconhecer que o Brasil foi construído em cima do "trabalho, do suor e sangue de africanos" levados para o outro lado do Atlântico no comércio de escravos. Da população brasileira atual, 51% não é branca. Cinco países africanos falam a mesma língua que o Brasil.
O Brasil e os países africanos de língua portuguesa (Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tome e Príncipe, Moçambique e Angola) fazem parte da mesma instituição, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O Brasil foi responsável pela criação da Cúpula América do Sul-África (ASA), que teve sua primeira reunião na Nigéria, em 2006, a segunda na Venezuela, em 2009, e a terceira em 2011 na Guiné-Bissau. A Cúpula tem por objetivo fomentar a cooperação "na governança, no desenvolvimento rural, comércio, investimentos e infra-estrutura".
Hoje o Brasil tem mais missões diplomáticas na África do que tem o Reino Unido. Apenas entre 2003 e 2010, o Brasil abriu 17 novas embaixadas na África e visitou 23 países africanos. A presidente atual, Dilma Rousseff, visitou três países africanos em seu primeiro ano no poder (Angola, Moçambique e África do Sul).
A visita da presidente foi seguida pouco depois pela de seu ministro do Comércio, Fernando Pimentel. A presidente também criou o Grupo de Trabalho da África para dar continuidade a questões relacionadas à cooperação Brasil-África.
No lado africano, o presidente da Tanzânia esteve no Brasil na terceira semana de abril. Em março, o presidente de Cabo Verde também visitou o país. Muitos líderes africanos, incluindo o primeiro-ministro da Etiópia, já confirmaram sua participação na conferência da ONU Rio + 20, marcada para junho no Rio de Janeiro.
Vistas em perspectiva, as relações entre África e Brasil estão se aprofundando e alargando ao mesmo tempo.

O BRASIL EM UM TERRITÓRIO NOVO
Esta semana o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, esteve na Etiópia, onde se reuniu com o primeiro-ministro da Etiópia e discutiu as áreas de cooperação bilateral. Patriota também se reuniu com o vice-primeiro-ministro e o ministro do Exterior da Etiópia e assinou uma série de acordos bilaterais que vão reforçar a posição do Brasil e assegurar sua parceria com a Etiópia.
De acordo com o Itamaraty, a visita de Patriota reflete o fortalecimento dos laços bilaterais desde a abertura da embaixada brasileira em Adis Abeba, em 2005.
Meles Zenawi, o primeiro-ministro da Etiópia, saudou o engajamento intensificado do Brasil com a África e deseja que isso aumente. Ele pediu especificamente que Brasil e Etiópia cooperam nas áreas de energia renovável, desenvolvimento de infraestrutura e pesquisas agrícolas.
Delineando o interesse do Brasil, o chanceler Patriota falou do comércio e o investimento, de um lado, e dos assuntos regionais e globais do outro.
A visita do ministro Patriota à Etiópia foi um marco no contexto mais amplo das relações Brasil-África, na medida em que Adis Abeba é a sede diplomática da África e a Etiópia é a economia em crescimento mais acelerado no continente.
De acordo com a The Economist Intelligence Unit, nos próximos quatro anos a Etiópia está prevista para ser a terceira economia do mundo em termos de velocidade de crescimento.
Essa foi uma das razões pelas quais os organizadores do Fórum Econômico Mundial (FEM) escolheram a Etiópia para sediar a Cúpula Empresarial do FEM 2012. A cúpula, que vai reunir milhares de líderes empresariais de todo o mundo, terá lugar em Adis Abeba ente 9 e 12 de maio deste ano.
O Brasil, cujo comércio com a África passou do marco de US$20 bilhões em 2010, agora tem empresas que estão começando a fazer negócios na Etiópia. A gigante da mineração Vale e a construtora gigante Andrade Gutierrez são exemplos disso.
Mas, em comparação com o número e a escala de envolvimento de empresas de outras economias emergentes como China e Índia, o envolvimento de empresas brasileiras na Etiópia, que é a economia em mais rápido crescimento na África, ainda não chega a ser significativo.
O fato de que o Brasil pretende intensificar suas relações com a Etiópia sugere que sua relação com a África agora não focaliza apenas o pequeno grupo de países produtores de petróleo, por um lado, e os países lusófonos, por outro.
É mais fácil acessar o continente africano a partir de Adis Abeba. Enquanto quase todos os países da África possuem uma embaixada em Adis Abeba, a Ethiopian Airlines tem vôos para 40 destinos no continente. E a Etiópia faz fronteira com seis países africanos.

UMA VIA DE DUAS MÃOS
Tanto o Brasil quando a África têm interesse em ver acontecer reformas nas instituições financeiras internacionais e no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Existe de ambas as partes uma crença forte em que as instituições em questão não refletem a realidade atual.
Assim, como sede da União Africana, e pelo fato de seu primeiro-ministro ser o porta-voz africano na Conferência sobre Mudanças Climáticas, no G20 e no Fórum Econômico Mundial, a Etiópia está perfeitamente posicionada para trabalhar com o Brasil para promover os interesses da África e do Brasil.
Portanto, podemos concluir que o chanceler Patriota teve toda razão quando disse a seu colega etíope, Hailmariam Desalegn, que o Brasil quer cooperar com a Etiópia em assuntos regionais e globais.
Não é apenas o Brasil indo à África, é também a África que está vindo ao Brasil.
Nos últimos dez anos, vários países africanos abriram embaixadas em Brasília. A Etiópia foi um deles. Quando o Brasil abriu sua embaixada em Adis Abeba, em 2005, a Etiópia respondeu abrindo sua embaixada em Brasília, em 2011.
O fato de a decisão da Etiópia de reabrir sua embaixada no Brasil ter sido seguida pelo fechamento de suas embaixadas na Suécia e no Canadá transmitiu uma mensagem contundente de que a Etiópia está determinada a reforçar suas relações com o Brasil.
Em sua capacidade de coordenador do Grupo África, o papel da Etiópia durante a campanha de eleição da Diretoria Geral da FAO, em 2010, de unir a África em torno do candidato brasileiro José Graziano da Silva, foi outra demonstração de sua determinação em fortalecer sua relação com o Brasil.
A Etiópia acredita que pode encontrar no Brasil parceiros para o desenvolvimento. Como o governo brasileiro, o governo etíope é progressista e busca o desenvolvimento.
No cerne de suas políticas estão a redução da pobreza, os investimentos em saúde e educação, incentivar o setor privado a liderar a economia, a ampliação de infra-estrutura como ferrovias e usinas elétricas, a transformação do setor agrícola e o apoio à exportação.
Essas medidas renderam bons frutos, resultando em um crescimento de 11,4% no PIB em 2011/2012. A entrada de investimentos estrangeiros diretos de países como China, Índia, Turquia, Arábia Saudita, França, Reino Unido, Canadá, EUA, Israel, Holanda, Alemanha, Itália, Sudão e Iêmen é atribuída a essas medidas.
Os setores de investimento em que estão engajadas as companhias dos países acima citados incluem o agronegócio, a manufatura, a construção de ferrovias e usinas elétricas e a exploração de petróleo e gás. Todos os setores acima citados são áreas em que as empresas brasileiras são boas.
Empresas brasileiras também podem envolver-se no fornecimento de maquinário ou componentes para dez fábricas de açúcar que o governo etíope pretende construir nos próximos quatro anos. Como dizem que os investimentos têm a ver com mercado e localização, as empresas brasileiras que exportam para o Oriente Médio também podem aproveitar a oportunidade de fazer negócios na Etiópia, na medida em que o país se situa ao lado do mar Vermelho.